Como o COVID-19 afeta os jovens em todo o mundo
O COVID-19 afeta quase todas as nações da Terra, causa estragos nos sistemas de saúde e na economia mundial, enquanto aprofunda as desigualdades a uma taxa sem precedentes. Muitos países estão a chegar ao final da" fase de crise", começamos a ver com maio nitidez o seu efeito económico, que esperamos afetar desproporcionalmente os jovens globalmente. Os jovens estão a perder emprego, enfrentam sérios desafios de saúde mental, e uma profunda crise educacional que veio aumentar as desigualdades.
Os efeitos serão melhor compreendidos e sentidos nas próximas semanas e meses, mas os jovens já estão fortemente afetados. Alguns dos efeitos incluem:
Desafios de saúde mental devido ao isolamento, ansiedade, medo (nalguns estudos iniciais, 83% dos jovens entrevistados disseram que foram afetados ou severamente afetados por problemas de saúde mental devido ao vírus). Isto está a afetar ainda mais quando são jovens LGBTQ +, onde as taxas de depressão e isolamento já eram altas antes da crise.
Estima-se que a taxa de desemprego em muitos países atinja 30% e os jovens serão desproporcionalmente afetados, especialmente aqueles no início de carreira. Muitos jovens trabalham nas indústrias mais atingidas e têm empregos sazonais / temporários / inseguros / informais e têm maior probabilidade de reduzir horas e arriscar o desemprego de longa duração ou subemprego;
Crianças e jovens vulneráveis estão perdendo a mais recente “onda digital” porque não têm acesso a equipamentos digitais, aumentando ainda mais a diferença em comparação com aqueles com mais oportunidades;
A crescente lacuna entre aqueles que possuem boas capacidades de alfabetização digital e os que não têm está a criar mais vítimas da crise, já que alguns têm oportunidades de prosperar e permanecer resilientes (através de trabalho remoto que depende muito de habilidades digitais), enquanto outros não têm acesso como ser empoderados nesta necessidade;
Muitas organizações juvenis de base são vulneráveis e carecem de sustentabilidade financeira, o que leva a que muitas fechem ou reduzam serviços, devido à crise, afetando, por sua vez, o acesso dos jovens à educação não formal e aos serviços para jovens;
Jovens e professores num piscar de olhos passaram a lidar num ambiente de e-learning que não estava pronto para esta crise na maioria dos países, levando a riscos consideráveis em termos de aprendizagem, exames e graduação;
Para muitos jovens, esta é a segunda grande crise económica que enfrentam ao longo da vida, o que reduz severamente o desenvolvimento de carreira profissional e a vida familiar, enquanto nalguns casos também diminui sua confiança no Governo para apoiá-los quando precisam;
Jovens que vivem em ambientes insalubres, como lares abusivos ou áreas densamente povoadas onde o distanciamento social não é possível, correm mais riscos de danos mentais e médicos;
Não nos podemos nos dar ao luxo de falhar com os jovens. Eles precisam que todos nós nos conectemos para identificar melhores soluções e mais adequadas a cada contexto nacional e local, e isto precisa de acontecer... mais cedo ou mais tarde.
Hoje, a falta de ação poderá conduzir à redução da participação cívica dos jovens e à sua radicalização, bem como a um crescimento económico mais lento e a uma pressão crescente sobre a ação social e os sistemas de saúde, com efeitos negativos a longo prazo na saúde mental e na resiliência dos jovens. .
Do lado positivo, também nos apercebemos que o planeta está respirar, enquanto a humanidade faz uma pausa. Com milhões de jovens a pedir ação climática urgente em todo o mundo, precisamos aprender com as lições desta crise e usar esta oportunidade para pressionar ainda mais por políticas verdes, à medida que mudamos estilos de vida no mundo pós-pandemia.
Recomendações de soluções e políticas
Como um dos maiores movimentos juvenis do mundo, com uma presença ativa em mais de 120 países, a YMCA chama os formuladores de políticas e incentiva as organizações juvenis a advogar por tomar as seguintes medidas urgentes para apoiar os jovens em todo o mundo e aumentar seu papel nos processos de tomada de decisão:
A. Emprego flexível e sustentável
Introduzir políticas de estímulo fiscal que incentivem a recontratação de jovens demitidos;
Simplificar a legislação nacional para incentivar o trabalho remoto e acordos de trabalho flexíveis, garantindo a existência de redes de segurança adequadas;
Incluir jovens com empregos temporários / sazonais nos pacotes de estímulo governamentais existentes, onde esse estímulo existe;
Incentivar a contratação de jovens, principalmente aqueles com menos oportunidades, reduzindo temporariamente as contribuições sociais e os impostos para contratos de trabalho;
Alterar a abordagem de licença paga, a fim de incentivar o trabalho, mesmo quando o estado comparticipa o salário do funcionário;
Incentivar ambientes de trabalho intergeracionais e diversificado, oferecendo sustentabilidade financeira para todos e um sistema de aprendizagem no trabalho entre pares melhor desenvolvido, com atenção especial aos jovens vulneráveis;
Garantir acesso igualitário a cuidados de saúde para jovens de todas as origens, incluindo desempregados ou subempregados, inclusive para eventuais tratamentos com COVID-19 e uma vacina quando / se eles aparecerem;
B. Educação Inclusiva Online e Offline
Facilitar processos ordenados de e-learning que levem em consideração as necessidades dos jovens e dos professores;
Equipar os professores com equipamentos digitais e oferecer formação adequado para fornecer conteúdo de e-learning ou adaptar o currículo existente a um ambiente digital;
Equipar os alunos com menos oportunidades e aqueles em frequência institucional com equipamentos digitais (por meio de vouchers ou emprestando equipamentos fornecidos por escolas / universidades);
Aumentar o investimento em formação digital de maneira geral;
Introduzir estímulo à dívida do aluno, perdoando parcial ou totalmente a dívida relacionada à educação;
Adotar esquemas ágeis de aperfeiçoamento / capacitação que permitam aos jovens não matriculados no sistema educacional melhorar rapidamente em parceria com os empregadores;
C. Setor de trabalho juvenil mais forte
Aumentar o apoio financeiro ao setor sem fins lucrativos e, em particular, às organizações de educação não formal e para jovens, para garantir (1) a capacidade de sobreviver após a crise e (2) a capacidade de atender às novas necessidades da comunidade em uma realidade pós-pandêmica;
Apoiar o setor da juventude e as organizações educativas na prestação de aconselhamento, desenvolvimento de habilidades e aperfeiçoamento dos jovens afetados;
Aumentar o investimento no desenvolvimento de serviços digitais de trabalho com jovens oferecidos por organizações juvenis;
Aumentar a sinergia entre o governo, o setor da juventude e o setor privado, a fim de responder às necessidades dos jovens de maneira sustentável;
D. Jovens resilientes
Facilitar o acesso a aconselhamento e "espaços seguros", incluindo "espaços digitais seguros" para jovens que precisam de apoio à saúde mental;
Incentivar o desenvolvimento da educação baseada em valores e, em geral, a educação não formal oferecida pelas organizações de jovens, com um foco profundo nos efeitos pandêmicos atuais sobre os jovens (por exemplo, mediante aumento de doações);
Aumentar o papel dos jovens e dos jovens líderes na tomada de decisões, tanto em termos de políticas quanto na adoção de soluções lideradas por jovens no nível das organizações da sociedade civil;
Tornar o mundo um lugar melhor para todos, cumprindo dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Mas, para que se continue a fazer isto a longo prazo, precisamos que as sociedades apoiem os jovens agora mais do que nunca com ações concretas.
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