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Falemos de Saúde Mental...

A saúde mental é uma componente fundamental do bem-estar dos indivíduos sendo influenciada por fatores genéticos, biológicos, sociais e ambientais.


Os problemas de saúde mental são a principal causa de incapacidade da população mundial , sendo que e segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), na União Europeia em 2015 o número de pessoas com perturbações mentais era de 110 milhões, o que corresponde a cerca de 12% da população. Em todo o mundo 12% das patologias reportadas são do foro mental, valor este que sobe para 23% quando nos referimos a países ditos desenvolvidos. As perturbações de foro depressivo são a 3ª maior causa global de doença em todo o mundo e a primeira em países desenvolvidos. Apesar de em toda a Europa cerca de 165 milhões de pessoas serem afetadas por uma doença ou perturbação mental, anualmente apenas um quarto destes doentes recebe tratamento e só 10% recebem o tratamento adequado. Um estudo epidemiológico de saúde mental, realizado em 2008- 2009 em Portugal, apenas 33% das pessoas diagnosticadas com algum tipo de doença mental receberam cuidados adequados,




Em Portugal os números dizem que mais de um quinto dos portugueses sofre de uma perturbação psiquiátrica (22.6%) e entre as perturbações psiquiátricas mais prevalentes as perturbações de ansiedade são as que apresentam uma maior incidência (16,5%), seguidas pelas perturbações do humor, com uma prevalência de 7,9%. Cerca de 4% da população adulta apresenta uma perturbação mental grave, 11,6% uma perturbação de gravidade moderada e 7,3% uma perturbação de gravidade ligeira. As perturbações mentais e do comportamento representam ainda 11,8% da carga global das doenças no nosso país, mais do que as doenças oncológicas (10,4%) e apenas ultrapassadas pelas doenças cérebro-cardiovasculares (13,7%).


Segundo o Conselho nacional de saúde (CNS) uma estimativa dos custos com a doença mental em Portugal aponta para 3,7% do PIB, correspondendo a 6,6 mil milhões de euros (2 mil milhões em custos diretos com o sistema de saúde, 1,7 mil milhões com benefícios sociais e 2,9 mil milhões de euros com custos indiretos no mercado de trabalho).

É importante ainda reconhecer que a saúde mental e os seus problemas são determinados pelas condições sociais, existindo uma maior prevalência de problemas de saúde mental nas pessoas mais pobres e com menor nível de educação, o que implica a adoção de abordagens abrangentes e intersectoriais.





A juntar a todos estes fatores não podemos deixar de referir a pandemia Covid – 19 e o seu impacto psicológico e económico na população. Num momento em que a mais recente vaga desta pandemia, parece estar mais controlada em Portugal sabemos já que as suas consequências e das consecutivas medidas de confinamento foram particularmente nefastas, especialmente quando falamos em alguns grupos específicos tais como as crianças, adolescentes, as vítimas de violência doméstica, os idosos e as pessoas com problemas de saúde mental preexistentes. A quarentena pode originar uma panóplia de sintomatologias psicopatológicas nomeadamente: humor deprimido, irritabilidade, ansiedade, medo, raiva, insónia, etc. Estudos efetuados em populações que experienciaram situações epidemiológicas semelhantes e em que foi necessário recorrer a medidas de isolamento social, verificaram que cerca de 3 anos após a quarentena houve um aumentou do risco do aparecimento de sintomas associados a perturbação de stress pós-traumático e depressão.


Em junho de 2020 a OMS voltou a chamar a atenção dos países para não negligenciarem as ofertas de apoio psicológico às populações e garantirem a sua disponibilidade como parte dos serviços essenciais durante a pandemia. Esta organização afirma ainda que: “haverá um aumento a longo prazo do número e gravidade dos problemas" sic.





Assim e apesar da ideia generalizada de que em tempos de crise se devem evitar ou mesmo minimizar as despesas associadas aos serviços e tratamentos da doença mental, torna-se ainda mais urgente a criação de serviços de apoio psicológico acessíveis eficazes. Segundo a OPP, existem benefícios e contrapartidas económicas que justificam a aposta e o investimento em serviços de apoio psicológico especialmente quando uma melhor saúde mental da população se traduz em: uma melhoria qualidade de vida, o que implica cidadãos com maior capacidade para gerir a sua própria vida, relações sociais mais fortes, maior capacidade para trabalhar e ser produtivo e consequente diminuição das taxas de desemprego; uma diminuição do número de pessoas alvo de estigma e discriminação; entre outros.


Resumindo, para além de gerar benefícios e recursos económicos, o investimento em serviços de apoio psicológico permite ainda reduzir e poupar outros recursos associados como a elevada utilização do SNS, diminuição de encargos com subsídios e apoio da segurança social, diminuição dos gastos com os sistemas educativos e de justiça, bem como a perda de cidadãos produtivos.


Vanessa Chaves, Psicóloga Clinica

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