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O Mito da Diferença Salarial: Economia de Mercado ou Discriminação?

Foto do escritor: A. Malveiro, MarketingA. Malveiro, Marketing

A diferença salarial entre homens e mulheres tem sido um dos temas centrais nos debates sobre igualdade de género. Contudo, ao analisarmos os dados com rigor, verificamos que a disparidade salarial não resulta de uma conspiração sistémica, mas sim de fatores económicos, escolhas profissionais e políticas desajustadas que afetam a conciliação entre trabalho e família.


Com o passar do tempo, e à medida que mais mulheres ingressam em setores tradicionalmente dominados por homens, este é um caminho que será naturalmente percorrido. No entanto, à luz destas discussões recorrentes, poderíamos também analisar a disparidade salarial entre mulheres de diferentes etnias, e provavelmente encontraríamos os mesmos fatores explicativos – escolhas profissionais, tempo de trabalho e acesso a oportunidades, em vez de uma discriminação sistémica.



O Que Dizem os Dados?


De acordo com dados da OCDE, a diferença salarial bruta entre homens e mulheres pode atingir 10 a 15% em alguns países. No entanto, quando ajustamos a análise para considerar o setor de atuação, o tempo de trabalho e a experiência profissional, a diferença reduz-se para 2 a 5%.


Isto significa que homens e mulheres, quando desempenham as mesmas funções e trabalham as mesmas horas, têm remunerações semelhantes. A disparidade surge, principalmente, devido a três fatores:

  • Diferenças nas escolhas profissionais – Homens estão mais representados em setores de elevado rendimento, como tecnologia, engenharia e finanças, enquanto as mulheres predominam em áreas como educação e saúde, que tendem a ser menos bem remuneradas.

  • Carga horária – Em média, os homens trabalham mais horas por semana, o que impacta o rendimento global.

  • Interrupções na carreira para cuidados familiares – A maternidade continua a ser uma das principais razões pelas quais as mulheres interrompem a carreira, algo que se reflete nos seus salários a longo prazo.


A Licença Parental Deve Ser Igualitária

Um dos maiores entraves à equidade salarial não é apenas a maternidade, mas sim o facto de a licença parental não ser verdadeiramente igualitária. Em muitos países, é esperado que a mulher assuma a maior parte do tempo de licença para cuidar dos filhos, o que afeta a sua progressão profissional.


A solução passa por criar um regime parental equilibrado, em que o pai e a mãe tenham exatamente as mesmas oportunidades e direitos para ficarem em casa com os filhos. Assim, a decisão de quem assume o cuidado da família seria uma escolha real da família e não uma obrigação imposta pela sociedade ou pela legislação.


Este modelo já foi adotado em países como a Suécia e a Noruega, onde há uma maior igualdade na partilha do tempo de licença parental, permitindo que tanto os homens como as mulheres possam equilibrar melhor a carreira e a vida familiar.


Os Salários São Determinados Pelo Mercado, Não Pelo Género


O mercado de trabalho baseia-se em oferta e procura – profissões que exigem mais especialização, maior responsabilidade ou que geram maior valor para a empresa tendem a ser mais bem remuneradas.


Exemplo prático:

  • Um pedreiro e uma engenheira civil trabalham na mesma obra, mas a engenheira ganha mais porque tem uma formação académica de anos e um impacto estratégico na gestão da construção.

  • No futebol, os jogadores masculinos ganham mais porque atraem milhões de espectadores e patrocinadores, enquanto o futebol feminino ainda não tem a mesma rentabilidade.



Isto não significa que os trabalhos físicos sejam menos importantes, mas sim que o mercado valoriza mais as funções escassas e com maior impacto financeiro.


O Mesmo Fenómeno Acontece Quando Falamos de Diferenças Étnicas


Assim como na diferença salarial entre géneros, quando se analisam diferenças salariais entre etnias, verificamos que a principal razão para variações nos rendimentos não está ligada a discriminação sistémica, mas sim a fatores como acesso à educação, setores de atuação e experiência profissional.


E se analisássemos a diferença salarial entre mulheres de diferentes etnias? Provavelmente encontraríamos os mesmos padrões:

  • Algumas etnias estão mais representadas em setores de maior ou menor rendimento.

  • O tempo de trabalho e as pausas na carreira variam conforme a cultura e as políticas familiares.

  • O acesso à educação e às oportunidades impacta diretamente a progressão salarial.


Sabemos que só existe uma raça humana, e que a disparidade salarial entre diferentes grupos segue a mesma lógica – não é o género ou a etnia que determina o salário, mas sim as escolhas profissionais, a experiência e a qualificação. Cabe à sociedade garantir que a educação seja um elevador social a todos os níveis de operação e gestão da sociedade.


Como Diminuir a Diferença Salarial?


Se a disparidade salarial não resulta de discriminação sistémica, mas sim de fatores de mercado e políticas de trabalho desajustadas, como podemos reduzi-la?


  • Incentivar a entrada das mulheres e minorias em setores altamente remunerados, como tecnologia, engenharia e finanças.

  • Criar políticas de licença parental iguais para homens e mulheres, permitindo que a escolha de quem fica em casa seja feita pela família, e não imposta pela sociedade.

  • Fomentar a educação financeira e a negociação salarial, capacitando profissionais a procurarem melhores oportunidades.


O Que Determina o Salário é o Valor Gerado, Não o Género ou a Etnia


A diferença salarial entre homens e mulheres existe, mas não pelas razões frequentemente apontadas. Os dados mostram que o principal fator é a economia de mercado e as escolhas profissionais.


Da mesma forma, diferenças salariais entre grupos étnicos podem ser explicadas por fatores estruturais, e não por um sistema que discrimina ativamente certos grupos. O caminho para a igualdade salarial não passa por imposições artificiais, mas sim por garantir que todos tenham acesso às mesmas oportunidades, profissões e políticas laborais justas.


Deveremos trabalhar por criar um mundo justo onde possamos começar a inverter a tendência de elitizar o bem comum (constitucional) e o que vemos acontecer cada vez mais em Portugal é o dissipar da qualidade no ensino publica, saúde publica, habitação publica inexistente e a multiplicação de hospitais e clinicas privadas, escolas privadas, habitação privada a valores fora do mercado nacional


Fontes:


O que pensa sobre este tema? Devem as políticas laborais permitir uma escolha equitativa na partilha da licença parental? E quanto à análise salarial entre diferentes grupos, considera que a economia de mercado explica essas diferenças? Deixe a sua opinião nos comentários!

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