A aprendizagem da higiene representa uma fase importante na vida da criança.
Esta tarefa de autonomia, é semelhante a outras aprendizagens como a alimentação e o sono, e ocorrem durante a fase pré-escolar.
Uma grande parte das crianças começa a ser capaz de deixar de usar as fraldas (durante o dia) até aos 2 anos e meio /3 anos, mesmo que por vezes ocorram alguns acidentes ocasionais. A retirada das fraldas durante a noite ocorre até aos 4 anos de idade, altura em que a criança já está preparada para a mudança.
A introdução ao bacio deve ser feita quando a criança reúne um conjunto de características, que estão relacionados com o facto de saber deslocar-se para um local específico quando lhe é pedido, sentar-se corretamente e levantar-se de locais baixos, entre outros. Esta fase, que requer alguma paciência e tolerância à frustração por parte dos pais/cuidadores, deve ser realizada no ambiente da criança, sem que haja qualquer pressão. Por vezes, é comum os pais /cuidadores colocarem o bacio na casa de banho, explicando à criança que aquela é a sua sanita e que em breve vai poder usar a sanita grande, como os crescidos.
Por outro lado, se a criança já acorda com a fralda seca em algumas noites e pouco molhada noutras noites, ou se a própria já mostra interesse em retirar a fralda, os pais/cuidadores devem incentivar a criança a retirar a fralda durante a noite, incentivando-a a fazer xixi antes de ir dormir e colocar o bacio no quarto (apenas durante a noite) com recurso a uma luz de presença.
Quando é que podemos estar perante um caso de Enurese?
A Enurese é definida como a perda de urina durante o sono, de uma criança com 5 ou mais anos de idade, e o seu diagnóstico deve ser realizado por um profissional de saúde. As perdas de urina devem ser repetidas e a sua frequência deve ser superior a três meses.
Até aos 5 anos de idade, a criança encontra-se em desenvolvimento, e, portanto, o controlo dos esfíncteres ainda não é o adequado, pelo que o diagnóstico de enurese não deve ser considerado. Muitas vezes, a enurese pode estar associada a problemas emocionais, sendo que todas as causas físicas devem ser verificadas.
A Enurese secundária, mais associada a problemas emocionais, ocorre entre os 5 e os 8 anos de idade, e é mais frequente em meninas. O diagnóstico de enurese é importante, uma vez que as crianças com este diagnóstico apresentam caraterísticas comportamentais, cognitivas, emocionais e sociais, e podem representar um prejuízo em várias áreas da vida criança. As perdas de urina podem também estar associadas a momentos de stress na vida da criança, tais como a entrada na escola, hospitalizações ou a separação dos pais, entre outros.
Se a criança estiver na fase de desenvolvimento considerada normal para o controlo dos esfíncteres e para a aquisição da aprendizagem na higiene (até aos 5 anos de idade), existem algumas dicas que os pais/cuidadores podem adotar para facilitar a transição fralda-bacio:
Mostre o bacio à criança. Estimule o seu interesse e curiosidade pelo objeto;
Ensine-a a sentar-se e levantar-se do bacio antes de passar para a fase seguinte;
Pode optar por adquirir bonecos que façam xixi e sentá-los no bacio, para que a criança compreenda as funções do bacio;
Coloque o bacio na casa de banho, para que a criança perceba que toda a família faz xixi no mesmo local da casa;
Sempre que a criança fizer xixi no bacio, deve elogiá-la e mostrar a sua satisfação;
Mantenha uma rotina de horários do bacio (de 2 em 2 horas), até a criança começar a pedir para ir à casa de banho;
Sempre que os pais perceberem que a criança está com necessidade de fazer xixi (seja através de expressões faciais ou de outros comportamentos como apertar as pernas), devem encorajar a criança a ir à casa banho.
Deixo ainda algumas sugestões de leitura para que os momentos de transição não se tornem um pesadelo:
Já Não Faço Xixi na Cama! ( Mary McQuillan );
Posso Espreitar a tua Fralda? (Guido Van Genechten);
Matilde - Vasco, Este é o Bacio! (Mary Katherine Martins e Silva);
Luca, o Hipopótamo que não Queria Deixar as Fraldas (Clementina Almeida).
Até breve!
Susana Santos
Psicóloga Clínica
Membro Efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses nº 24251
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